Resenha Literária - "O Diário de Anne Frank"

Existem lugares (imaginários ou não), os quais constantemente revisitamos, seja para reativar nossa memória, reencontrar um ente querido não mais presente, ou para reforçar a identificação, a empatia em relação a eles. 

No caso, a releitura de "O Diário de Anne Frank" foi motivada por um quarto fator: a vontade de reativar a memória a respeito de como uma adolescente da época conseguiu manter-se relativamente resiliente, mesmo sob o contexto de viver, por praticamente 2 anos, em uma privação de liberdade, fugindo de uma condenação por algo puramente segregacionista: a sua origem. 

Anne, com 15 anos de idade, relata, além do dia-a-dia do chamado "anexo", com sua esperada rotina e impossibilidade de comunicação direta e espontânea com o mundo exterior, diversas reflexões a respeito de convivência, política, rumos da II Guerra Mundial (o contexto se passa nos anos de guerra), expectativas para o fim deste conflito, dificuldades, escassez de alimentos, conflitos, enfim... todo o conjunto de situações esperadas a partir de uma convivência forçada em um local com espaço restrito.

A escrita tornou-se a voz de Anne para refletir tudo isso, bem como a sua descoberta quanto aos sentimentos amorosos. Sua análise quanto a este aspecto aflorou justamente pela divisão do restrito espaço do esconderijo, pois, à medida que tomava contato com as pessoas ali morando, soube delimitar a maneira como dispensava seu tratamento a cada uma delas. Nisso, encontra na figura de Peter uma espécie de porto seguro, um refúgio e confiança para transmitir irrestritamente a expressão de seu coração, de seus medos e inseguranças. 

Mesmo assim, a sensação de clausura, após meses alijada do convívio com a sociedade, aflora, em tons de confidências à "Kitty" (esta é a alcunha do diário). O amparo dos pais, ali presentes, não consegue amenizar a ansiedade de se ter uma liberdade, um direito de ir e vir irrestrito e a angústia cresce. Também existe a consciência de um senso de injustiça pois, afinal, Anne e todos que estão no chamado "anexo" são como prisioneiros sem uma condenação formal. Ao passo que os verdadeiros ofensores, os chamados "senhores da guerra", planejam as ações, protegidos em seus "bunkers" e palácios, sem estarem próximos efetivamente do terrível teatro de combates. 

Como o livro já tem praticamente 80 anos de redação, mas lida com um tema contemporâneo (vide conflitos que temos ao redor do planeta envolvendo Israel, Ucrânia, Rússia, países africanos...), podemos dizer que ele é atualíssimo na temática, mas adaptado claramente ao ferramental disponível à época para registro dos acontecimentos. A adolescência/juventude de hoje tem acesso a dispositivos como smartphones, tablets e outros "gadgets", fato até que está em discussão quanto ao excesso de uso e registra os acontecimentos nas redes sociais. Já Anne, munida do diário (papel e caneta), fez destes os seus instrumentos para se expor ao mundo, num relato sincero do quanto o ser humano tem múltiplas facetas, voltadas ao bem e infelizmente ao mal. 

Este é um livro que é indispensável LER... aplicando os conceitos abaixo. 

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Emocionar

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Até a próxima resenha, pessoal!

Comentários

Marlene disse…
Eu sou uma pessoa não muito confiável para fazer comentário por quê Porque essa peste pessoa que escreveu é meu filho então eu sei o potencial dele eu admiro ele desde criança desde os quatro aninhos ele é um ser humano diferente ele escreve ele desenha ele não gosta de mostrar o que ele produz é ele surpreende ele tem um vocabulário Eu Sou professora de língua literatura portuguesa mas eu me surpreendo com vocabulário dele me surpreendo cada dia mais é inacreditável a capacidade que ele tem de compreender as coisas de escrever e desenhar que retratar o momento ele mergulha no sentimento ele não copia nada ele não usa a palavras que são comum são palavras assim não usadas normalmente pelas pessoas são palavras que fora do vocabulário Diário da criatura então não posso não posso comentar eu admiro muito ele porque eu amo ele de paixão ele é minha vida ele é ele ele é como se fosse eu eu tenho três filhos mas só esse é o verdadeiro filho ele cuida de mim ele trabalha por uma empresa a empresa elogia o que ele faz ele é uma empregada doméstica ele é o cozinheiro ele me dá banho ele me dá medicamento Ele me acompanha em médico o exame uma pessoa incomparável não ser único então quando eu vejo uma coisa assim que ele escreve eu fico muito feliz e cada dia mais eu amo meu filho Deus não poderia me dar um filho melhor do que esse realmente eu agradeço a Deus todos os dias todos os momentos por ter uma criatura dessa Diante de Mim muito obrigada filha Deus abençoe e que você seja sempre essa pessoa linda maravilhosa um beijo

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