Minhas Resenhas Cinematográficas


ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO


Como parte das atividades relativas à Antropologia Visual, disciplina que faz parte do terceiro semestre de 2008, no curso de Comunicação Social - Design Digital, foi solicitada uma análise do poder da comunicação sobre as pessoas, pela persuasão sem limites e pelo condicionamento de um povo inteiro.
O nazismo, pela figura de Hitler denominava a grande massa manipulada como "Corpo do Povo".
Segue abaixo uma sinopse resumida do filme e, logo após, o trabalho de análise que será entregue no dia 10/09/2008.

Arquitetura da Destruição



"Arquitetura da Destruição está consagrado internacionalmente como um dos melhores estudos já feitos sobre o nazismo no cinema.

O filme de Peter Cohen lembra que chamar a Hitler de artista medíocre não elimina os estragos provocados pela sua estratégia de conquista universal. O veio artístico do arquiteto da destruição tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania.
Hitler queria ser o senhor do universo, sem descuidar de nenhum detalhe da coreografia que levava as massas à histeria coletiva a cada demonstração.

O nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse todo o mundo."

Fonte: http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_dvd.asp?produto=12245.

Minha análise crítica:

"Platão enunciava que a escultura concebida pela participação de artistas e técnicos, seduzia o homem e fazia-o por conseqüência distorcer uma realidade já estabelecida. Associado a isso, dentro da etimologia do vocábulo design, temos o projeto, a concepção de uma obra a partir de algo amorfo, verificamos no documentário que o nazismo, na figura de Hitler e outras personagens importantes, como seu ministro da propaganda, Joseph Goebbels, conseguiu persuadir uma nação quase inteira a aceitar uma realidade fictícia e maquiavélica.

A vertente ditatorial do nacional-socialismo alemão, quanto às manifestações artísticas, procurou tomar dois caminhos principais: eliminar completamente a chamada “arte degenerada” (a arte produzida a partir de referências assustadoras, que representava uma ameaça), tachando-a como feia, desagradável e distorcida e estabelecendo-a como paralela à deformações físicas apresentadas pelas minorias detestadas por Hitler (como os judeus, ciganos, homossexuais); por outro lado buscou confiscar, para cumprir o desejo megalômano de sintetizar Esparta/Atenas/Roma (cidades admiradas por ele) como modelos de construção de uma nova Berlim do III Reich, diversas obras de arte, conforme as conquistas e invasões se sucediam no transcurso da II Guerra Mundial.

Infelizmente, bombardeios também de idéias e conceitos deturpados aconteceram neste regime, usando o poder da comunicação como disseminador. “O Judeu Eterno”, conforme mostraram alguns fragmentos do documentário, compara os judeus a ratos, por associa-los à disseminação de pestes e doenças, como o tifo, além de usurpadores de espaço, por ocuparem locais que deveriam estar destinados à população saudável alemã, confinada em guetos e becos apertados.

O belo e a limpeza total e irrestrita dos ambientes, portanto, deveria ser um objetivo a ser perseguido. Se por um lado, o sistema de saúde e os médicos alemães eram considerados entre alguns dos melhores do mundo e responsáveis pela disseminação das descobertas e aperfeiçoamentos nesse campo, tinham um papel oculto orquestrado pelo regime: o início da composição de métodos de extermínio mais rápidos e eficazes que os fuzilamentos, como o gás Zyklon B, usado nos campos de concentração. O lado curioso também desta busca incessante de limpeza étnica, aniquilação total do inimigo (pela descaracterização e perda da razão de ser) e edificação de grandes praças para mobilização do “Corpo do Povo”, é que Hitler buscava deixar este legado de pujança e poderio irrestrito, para futuras gerações de arqueólogos/antropólogos explorarem, escolhendo até mesmo materiais e áreas para construção que proporcionassem a edificação de ruínas com a ação do tempo.

Mais do que a conquista de territórios e o desejo de segregar outras raças, restando somente a ariana, havia por trás disso tudo a intenção de deixar o nome Hitler, o conceito nazismo e até a simbologia da suástica como elementos marcantes da comunicação e como pontos-chave na história mundial.

Infelizmente vê-se na atualidade que países não formalmente classificados quanto ao seu governo como ditaduras, agem à moda destas pela disseminação do medo e da necessidade do conflito armado como solucionador de problemas definitivo. Amparam esta conduta pelo passado de conquistas alicerçado em um líder que “pegou em armas” para defender seu povo e pela existência eterna de um “inimigo oculto”, que a qualquer momento poderá burlar qualquer sistema de segurança estabelecido.

Da mesma forma, no âmbito do julgamento individual da nossa conduta, somos sugestionados a aniquilar e discriminar indivíduos com padrões de beleza, classes sociais e outros aspectos anômalos, em relação àquilo que a sociedade de consumo pede. Nos apegamos muito a signos (que duram somente o tempo que podem ser consumidos) e consideramos o elemento decisivo para nossa inserção no mundo, o alcance destes padrões, citados anteriormente. Alguns, infelizmente, por ocasião de serem trágicos no seu desfecho (como a idéia do suicídio sugestionado por certos grupos da internet), viram objeto de estudo sociológico até mesmo, porque sua recorrência acaba sendo caracterizada “fato social”, como propalava Durkheim.

Por fim, na era da informação, acabamos agindo, seja pela pouca consciência na hora de eleger ou cobrar nossos dirigentes, seja pelo pouco tempo dedicado à edificação de algo significativo ao nosso semelhante, como o “Corpo do Povo”: de geração em geração, uma massa disforme e manipulada pela comunicação mal engendrada."

Até a próxima postagem, pessoal.

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