Minhas Resenhas Cinematográficas





Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon)

(Esta análise será entregue no início do 4º Semestre do Curso de Design Digital, como parte das Atividades Complementares)

"Muitos poderiam considerar este filme como uma cópia, adaptada à moda dos anos 1970, de um noticiário aos moldes de "Brasil Urgente", onde impera o impacto mais evidente da faceta violenta de uma grande metrópole. Afinal, o cenário, apesar de bastante simples em uma essência artística e de planos possíveis de filmagem (boa parte das cenas se passa dentro de um perímetro urbano bastante restrito, uma agência bancária), representa a característica cena do crime, contendo: o banco, os ladrões e os reféns.



Porém, após o início bastante arrebatador em termos de demonstração de poder pelo porte de uma arma (Al Pacino vive o meliante Sonny e John Cazale vive o mais introspectivo Sal) e o susto vivenciado pelos funcionários e clientes do banco, percebe-se que estes criminosos não contém exatas semelhanças com os das décadas seguintes, já que não têm na crueldade e nos atos extremamente violentos, a linha mestra de seus traços de personalidade. Pelo contrário, constata-se, de início subliminarmente e com o desenrolar da trama por diversas passagens, que há um certo "fundamento" que rege o motivo principal desta infeliz empreitada. E também, instantes após o enérgico anúncio do assalto, o receio estampado no rosto de cada um dos praticantes deste delito. Tanto que, a princípio tendo 3 integrantes, esta quadrilha foi transformada em uma dupla, pela desistência consentida de um deles.


É interessante também constatar que a chamada "Síndrome de Estocolmo" (onde refém sente compaixão por seu algoz, resultando até mesmo em um sentimento amoroso por vezes), não se dá, nesta produção, tanto dos reféns em relação ao protagonista; mas sim, por parte do "público" em relação a ele, principalmente no surpreendente momento da "distribuição", em moldes até mesmo sensacionalistas, de dinheiro, fruto do roubo.


A partir deste momento é que se dá, de forma mais forte, a possibilidade de captar a "espiral de emoções" (citado na obra "1001 Filmes para Ver Antes de Morrer") dos momentos da vida das personagens associadas ao contraventor, pela perda de controle. Uma situação que facilmente poderia ser resolvida (o anúncio do roubo, a subtração do dinheiro e a fuga), acabou tomando macro-proporções, reunindo curiosos, helicópteros, uma tropa de policiais, negociadores, bem como também o descontrole emocional.


Há várias maneiras de analisarmos Sonny e Sal, principalmente aquela que considera nosso papel de expectador do filme e dos evidentes conflitos familiares, de personalidade e de dúvidas, permeando suas mentes. Ao mesmo tempo que a multidão vê neles porém, os autênticos símbolos de contestação e tolerância com as "minorias". O roteiro da trama inclusive, revela uma situação que seria até mesmo inimaginável ou compatível com os arroubos de reações violentas explicitados por Sonny, e representaria então, a linha guia de entendimento quanto às circunstâncias que o fizeram tomar tamanha e infeliz decisão.


É possível então crer, tomando como base o desenvolvimento do filme, que foi justa a atribuição do Oscar de melhor roteiro à Frank Pierson, bem como de Melhor Filme a "Um Dia de Cão", porque não limita os acontecimentos ao cenário interno e burocrático de uma repartição. Do contrário: expande as reações de uma multidão, passa pelos conflitos (especialmente a sequência em close de Al Pacino, durante um telefonema), percorre a sagacidade dos policiais ali presentes (muitas vezes suas faces são reveladoras ou um prenúncio do que irá suceder-se) e encontra um clímax nos momentos finais da negociação, em que antepõem-se a sensibilidade contida de Sal e o término destas mais de 12 horas de sequestro. A história mistura emoção, raiva, empatia e diversos outros sentimentos, nos seus 124 minutos de exibição, proporcionando uma grande reflexão sobre quais momentos o ato mau pode ser "bom" e o que seria bom, ter a sua essência revelada como um grande mau. Será que os fins justificam os meios?"
Abaixo segue uma pequena ficha técnica do filme:
Título: Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon) - 1975
Duração: 124 minutos
Direção: Sidney Lumet
Produção: Martin Bregman, Martin Elfland
Roteiro: Frank Pierson, a partir de um artigo de P.F. Kludge e Thomas Moore
Elenco: Penelope Allen, Al Pacino, Sully Boyar, John Cazale, Beulah Garrick, Carol Kane, Sandra Kazan, Marcia Jean Kurtz, Amy Levitt, John Marriott, Estelle Omens, Gary Springer, James Broderick, Charles Durning, Carmine Foresta, Chris Sarandon.
Até a próxima postagem, pessoal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha Literária - "Na Rua" (Maurílio de Sousa) - Editora Essencial

Levando Sempre Comigo Em Todo Campo Que Vou... - Marketing de Oportunidade Bugrino?

Resenha Cinematográfica - "Guerra Civil" (Civil War) - 2024