Minhas Resenhas Cinematográficas - "Revelações" (The Human Stain)

Olá pessoal, bom dia.

Abaixo relaciono uma resenha que eu produzi a respeito do filme "Revelações" (The Human Stain), protagonizado pelo sir Anthony Hopkins e tendo Nicole Kidman, Gary Sinise e Ed Harris no elenco.

Uma ficha técnica a respeito desta produção pode ser acessada pelo link abaixo:

http://cineminha.uol.com.br/filme.cfm?id=823

"No rol de filmes que transcendem um roteiro convencional, existem, na minha ótica, aqueles que sempre deixam uma mensagem inestimável, de cunho educacional ou então que transmitem um conceito bastante em paridade em relação ao momento presente que vivemos.

Assim como há atores talhados, escalados de maneira perfeita para o papel, seja por seu carisma, legado ou importância na história da cinematografia. Poderia citar diversos exemplos aqui (Jack Nicholson em “Um Estranho no Ninho”, Morgan Freeman em “Um Sonho de Liberdade”, Tom Hanks em “Quero Ser Grande”), mas esta resenha diz respeito especificamente a um filme com o sir Anthony Hopkins, ator que dispensa comentários.

Chama-se “Revelações”, é dirigido por Robert Benton e tem no elenco nomes de peso como Nicole Kidman, Ed Harris e Gary Sinise. Seu ano de lançamento foi 2003.

Assisti no domingo passado (21/02) e não pude deixar de produzir esta resenha, porque as situações envolvendo preconceito racial (seja ele velado ou não), social e cronológico, além de reviravoltas negativas de vida tiveram correspondência bastante evidente com um ato comportamental bastante comum entre todos nós: o mau uso das palavras. Como já diriam nossos avós e antepassados (ditado popular): “Palavra dita, nem Deus tira.”

Pois bem, o grande protagonista do filme é uma palavra à primeira vista inofensiva, um termo em inglês que pode ser aplicado metaforicamente ou de maneira literal: “spook”.

Significa espectro, vulto, ou até mesmo algo efêmero e, no início do filme foi proferido no sentido de representar uma inquietação da personagem vivida por Hopkins, o professor universitário Coleman Silk, pelo fato de perceber que dois alunos de sua classe não compareciam às aulas há semanas. Ou seja, eram apenas vultos, apenas sombras e não pessoas em carne e osso. Certo: na sua indignação, voltada para o bem dos estudos e do andamento de sua profissão, exacerbou...

Mal sabia o catedrático porém, da outra denominação do termo: uma menção pejorativa às pessoas de cor negra. Mesmo ao tentar defender-se das acusações do conselho de reitoria, explicitando o fundamento de uso da palavra, dentro do contexto da aula que ministrava, Silk não encontrou a defesa necessária dos representantes e recebeu a fatídica notícia de um processo em curso contra a sua pessoa.

Durante o transcorrer da trama, o espectador constatará as situações advindas deste imbróglio e as implicações psicológicas em forma de flash-backs, momentos passados que revelam, como o próprio título do filme, o quanto a aplicação acidental e indevida de uma palavra, bem como a questão da definição do indivíduo quanto às suas origens, dificultada por muitos estereótipos concernentes ao contexto cultural das décadas.

Bem, havia citado, no início deste texto, a relevância pessoal deste filme dentro da minha atual situação. Vou explicar, traçando um paralelo com “Um Sonho de Liberdade” e uma das suas principais personagens: Red. Prisioneiro por anos em Shawshank, constantemente era chamado para uma avaliação, visando sua soltura (condicional) e passava por uma série de perguntas, tais como: “considera-se reabilitado?”, “considera que não é mais um perigo à sociedade?” e, mesmo admitindo sua melhora, tinha esta liberdade privada. Pois bem: da mesma forma, pelo fato de ter proferido um conjunto de palavras supostamente inadequadas, em um momento incorreto, somos condenados a um prisão desnecessária por meses a fio.

Até mesmo alguns preceitos bíblicos, contidos principalmente no livro de Eclesiastes e de Provérbios, reforçam esta máxima. Um dos versículos do primeiro livro afirma categoricamente o seguinte: “Você sofrerá as conseqüências de tudo o que disser”. E é exatamente nisso que deveremos tomar cuidado: sermos mais analíticos e menos intensos em nossas paixões, porque lidamos com sentimentos e formas de captação distintas daquelas que possuímos. Vale a lição.

Se uma imagem vale por mil palavras, uma palavra pode determinar como a sua imagem é percebida durante muito tempo e fazê-lo sofrer desnecessariamente. Cabe a si próprio tentar redimir isso e atestar seu altruísmo, não se rendendo ao destrutivismo, à depressão. "

Até a próxima postagem, pessoal!


Comentários

Marlene disse…
Realmente, eu como professora de Português, posso falar de cátedra que as palavras são determinantes em nossas vidas, principalmente quando proferidas em momentos de emoção, ou seja, no calor de uma discussão ou defesa de uma tese.
Fatos como este mencionado pelo nosso comentarista são muito comuns em nossa sociedade, por exemplo, no século passado, bem recentemete, a palavra "pardo", atribuida a cor de uma criatura poderia levá-la à uma condenação perpétua ao isolamento, falta de oportunidades no crescimento social, econômico, cultural e afetivo. Entretanto, dita palavra, se consultarmos um dicionário, tem inúmeros significados, porém o esteriótipo é que condena, dentro de uma fase estabelecida pela sociedade.

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