Hipertexto e Hipermidia - Resenha da Aula 1 (17/08/2010)

Esta postagem faz parte das atividades propostas pelo prof. Leander, na disciplina "Hipertexto e Hipermídia", dentro do 7º Período do curso de Design Digital na Unibero.
"Hiper-embrutecimento: A Hipnose Informativa"

De fato, o mundo da era da informação por si só constitui-se em uma espécie de labirinto, até para nós, estudantes, que somos seres considerados de entendimento mais "refinado" e formadores de opinião.

Quis utilizar esta espécie de metáfora, relativa ao mundo atual, para compor um pequeno prefácio a respeito dos possíveis papéis da hipermídia: o maléfico e o benéfico.
A aproximação dos mundos abordada pelas preliminares do texto, é representada, no caso, entre os aspectos virtual e real do acesso à informação. À parte real, cabe a nós, clientes ou usuários o papel principal, porque somos o crivo de qualidade para o conteúdo que será disponibilizado para o virtual, neste caso ilustrado pelos diversos veículos de sua disseminação (PC'S, notebooks, IPad's, celulares, PDA's, IPhones, etc).
Parte da discussão que deu-se em aula, com base no escrito, centrou-se em uma espécie de "engessamento" mental do uso da internet, o principal banco de dados mundial. De fato, após mais de 20 anos de uso comercial, foi inestimável seu papel de agregador da sociedade, de instrumento educativo, cultural e de constituição de relacionamentos pessoais e profissionais.
Porém, em paralelo a esta aproximação dos adidos culturais do mundo, ironicamente houve um afastamento de alguns valores tradicionais e que representavam qualidade de vida: leitura aprofundada, convívio em família, atividades de exploração em campo são algumas delas.
O prefixo "hiper" carregou, além da versatilidade de agregar diversas conexões entre documentos e diferentes apresentações de um conteúdo, uma exagerada dispersão da atenção no momento de uma pesquisa. Senão vejamos: é comportamento comum dos usuários ter diversas janelas e programas abertos, em competição desenfreada em relação ao foco de seu trabalho. A revista Galileu, em reportagem recente, questionou este frenesi, fomentado principalmente pela febre de redes sociais como o Orkut e o Facebook e a sua conseqüência perigosa do emburrecimento. É a prova de que há diferença grande entre "ver" e "observar" algo: podemos até ver, na acepção literal do significado do verbo, porém estamos completamente cegos, por conta de uma hipnose involuntária, causada pela profusão de conteúdo atraente aos nossos olhos e expressão cognitiva, muito além daquilo que nos é possível apreender.
Derivado disso, constatamos a pouca disseminação da leitura no Brasil, em comparação com países da Europa, por exemplo. Divulgar nossos hábitos, costumes, fotos e até mesmo hábitos despretensiosos e fugazes (algo muito comum no universo de usuários do Twitter), passou a ter mais relevância do que idas a museus, bibliotecas e exposições itinerantes. Se, no início da multimídia, dentro da década de 1990, o adjetivo politópico resumia-se na caracterização da mistura de conteúdos em um mesmo plano e, até mesmo antes disso, Walter Benjamin expressava a multidisciplinaridade, como forma de intercâmbio informativo entre discentes e docentes, escritores e leitores, hoje ele transformou-se em um labirinto sem saída para muitos de nós: não temos mais um Norte para fins de pesquisa e esclarecimento, pois estamos muito mais ocupados com outros tipos de atividades não tão acadêmicas.
Douglas Engelbart não imaginaria também que o seu conceito de interface de janelas poderia não apenas ser revolucionário, mas sim fundamental e um dos principais agentes de culpa de todo este planeta regido por signos. Ted Nelson não seria suficientemente (ou maleficamente?) visionário para antever que o seu conceito (hipertexto como "oportunidade de leitura em diferentes direções"), enfrentaria um congestionamento mental, pois nosso cérebro está, fazendo outra metáfora, dirigindo diversos veículos (dados), em diferentes direções (contextos), ao mesmo tempo, o que promove um tráfego caótico de informações.
Por fim, tendo em vista este conceito de baixo aproveitamento do uso da grande rede e a fuga dos meios tradicionais de consulta, resta-nos repensar sobre qual maneira deveremos novamente "conceber e organizar esses dados de forma que eles não seja meras pilhas de informações..." conforme o texto preceitua. Pode ser um retrabalho dentro de um contexto de mundo dinâmico, mas é algo fundamental para repensarmos o papel dos meios disponíveis de pesquisa.
(Por Glauco Felipe Torres Nogueira)

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