Paul Kersey em Dois Tempos...

Hoje foi um domingo que poderia denominar "típico/atípico". Pode parecer uma antítese, mas logo explico a razão: típico no sentido de que permaneci em casa, adiantando tarefas domésticas, prosaicas como lavar roupa, varrer, passar pano, cozinhar, organizar o quarto. Mas atípica porque, motivado pelas orientações atuais, sequer coloquei os pés fora de casa. 

Com isso, despretensiosamente reencontrei com uma velha personagem do ideário cinematográfico: Paul Kersey, mas numa versão digamos assim repaginada, visto que em uma refilmagem. Kersey outrora arquiteto e interpretado brilhantemente por Charles Bronson, era arquiteto: já agora, vivido por Bruce Willis, é um médico. Ambos cidadãos ilibados, de muito caráter e ligados á família, dão uma reviravolta em suas vidas a partir de um acontecimento traumático, que é a violência. 


É inevitável fazer comparações entre a obra original e a repaginada, mas como a primeira, de 1974, assisti há muito tempo e tenho apenas alguns fragmentos de cenas na memória, posso traçar alguns paralelo (semelhanças x diferenças) de maneira bastante superficial, entre as duas atuações.



Ambos, como falei, têm a conduta ilibada, sua própria rotina profissional e o apego à família tradicional. Mas o Paul Kersey médico (Willis) parece ter um rol de incertezas em fazer a "justiça pelas próprias mãos", pois aparenta ter a consciência permeando suas ações, dizendo-o que a conduta, apesar de moralmente incorreta (pois a lei se encarrega de punir os criminosos), tem sua razão de ser, por ter destruído as razões de seu viver (sua esposa e filha, vítimas dos atos criminosos). 


Já o Kersey de Bronson é mais sistemático. Sua praticidade em lidar com a questão consiste em "parar, analisar e atirar.'. E logo após tranquilamente retornar aos seus afazeres, sem tensão alguma, como por exemplo a um jantar entre amigos. 

Também, motivado pela diferença do papel midiático nos dias atuais, a profusão dos atos do chamado "Anjo da Morte" tornou-se chamariz de audiência para um programa de rádio, bem como até mesmo um "meme". Em comum porém, os dois Kerseys nutriram simpatia pela sociedade, ao proporcionar para ela o livramento dos elementos nocivos que tanto rondam e atrapalham a rotina normal.


Em que medida nós, em nosso papel humano, temos condição de suportar uma leniência em relação à justiça? Há dois lados que fomentam esta análise: a angústia que permanece em nós em relação à perda (o sentimento de luto) e a completa incapacidade de alterar a situação. Talvez isso explique (mas não justifique), o lado Paul Kersey que é incorporado em muitos, resultando em tragédias previamente anunciadas...

Até a próxima postagem, pessoal!

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